sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

sem dedicatória (ou reflexões)

Esse texto é para uma amiga, uma grande amiga de muito tempo. Espero que, ao ler, ela possa tirar algumas conclusões sobre si mesma.
Certa vez estava em uma festa. Havia uma convidada minha, gym e alguns olhares. Ela era minha convidada pois eu a tinha levado. Salvo engano, era aniversário de um amigo. Após um leve desespero fantasiado de briga e silêncio, uma de minhas amigas me diz "vocês tem as chances nas mãos e desperdiçam". Claro que ela estava certa! Não era, nem de longe, a chance que eu queria. A chance que eu queria era uma chance grande, uma chance de querer tudo o que posso, a chance de desejar bastante antes de consumar todo o fogo do meu peito. Entretanto, não vou me atrever a falar das minhas coisas. Falarei docoração alheiro, falarei dessa amiga (não a da festa, a da dedicatória).
É sábio de todos que algumas pessoas entram e saem nas nossas vidas. Algumas nos bagunçam, bagunçam tanto, mas tanto, mas tanto, que desejamos sumir por um tempo. Depois de sorvetes em fins de tarde, de abraços longos em algum pique-nique, de uma risada por uma besteira qualquer, seja uma piada ou um cigarro escondido, depois de muito corpo, muito suor, do nada, simplesmente sua vida volta ao normal. O dia do término é difícil, bastante difícil. É difícil porque você dorme com a lembrança da outra pessoa, com os últimos momentos na cabeça, com as palavras lhe insultando silenciosamente em seu pensamento.

"A pior noite é a primeira. É a noite em que você se deita e olha pro teto, aquele mesmo teto, e tem de contar pra ele essa nova versão de uma história que ele já sabe de cor. Então você se sente vazio nas paredes do quarto que parecem rir de você, mas na verdade são as únicas que te escutam, que aguentam seus gritos, que vê você chorando... e não falam nada a ninguém. O pior dia é o terceiro. O primeiro e o segundo você ainda pensa em ligar, em ir atrás. Sonha à noite, até amanhecer o terceiro dia. Nesse dia nada ressucita. É o dia em que tudo morre, em que todas as esperanças se esvaem, em que o poeta se cala, o sol não sai, a chuva não cai, o sono não vem, a comida não desce, o brilho não tem, a música não toca, o tango não dança, o sexo não há, o ar é pesado, acordar não queremos, é o dia D. Destruição. A semanas que se seguem são as que você não sai do quarto, que se torna sua maior parte. Seu quarto é seu santuário, onde você é invencível.

[...]"
*

Então, depois de um tempo, há uma ligação ou uma mensagem boba, sem lógica. Muito provavelmente há novamente o encontro, seja na universidade, local inevitável, seja em sua casa, com o outro cheio de novidades. Cabelo, barba, tatuagens talvez, um sotaque estranho, um brinco novo, uma blusa nova... Nesse encontro há a vontade do beijo ser consumado, do desejo. As pupilas se dilatam, o coração bate acelerado, há uma leve camada de suor na testa, por conta do nervosismo. Algumas palavras trocadas, o pedido de uma volta, de um retorno. Ela não quer, ela diz que foi forte e não cedeu, por mais que ceder a isso tenha sido sua vontade nos últimos 8 meses que se passaram, ainda sabendo que depois dela ele talvez tenha namorado novamente.
Nem ela se entende. Ela quer muito aquilo, quer voltar, quer dizer que o ama, gritar para que o mundo ouça todas as suas declarações, pedidos de desculpas, frases de arrependimento, tudo, ela quer gritar tudo. Mas, ao invés disso, o que ocorre é o completo silêncio. Depois dele ir, muito provavelmente ela chorou e conversou com a mãe, antes, durante ou depois do choro. Sua irmã tenta lhe consolar, mas nada adianta nessas horas, não é?
O dia se passou, e outro dia e outro dia. Talvez ela tenha conversado com algum amigo sobre isso, que talvez tenha lhe dito algumas boas palavras. Mas um problema muito grande com os problemas dos seres humanos que tem problemas, é que eles não querem se livrar de alguns problemas. Nada poderia ajudar nessas horas. O que fica é a vontade da volta, que impede-a de olhar para o futuro, que impede-a de gostar novamente de alguém, pois ela tem medo de gostar de novo. Não, não é medo de gostar de novo. É medo de esquecer o outro, de que alguém venha e tome seu lugar, sabendo que, com isso, está perdendo vários motivos e momentos com outra pessoa que um dia virá,é inevitável. Um dia aparecerá alguém, então pra que adiar sempre? Que pena, você tem a chance nas mãos e desperdiça.

* retirado de http://theredwinter.blogspot.com/

3 comentários:

bibs disse...

uuhh
nao vou me atrever a comentar direito pq nao tenho certeza, mas enfim
vou lhe perseguir no blog tb (6)
buaUAHaHUAUhaUH

Augusto disse...

*-----*

Ariana Fernandes disse...

:~~~~~~
apesar dos pesares